Caminhada de aventura no Appalachian Trail

        No último domingo, eu e uma amiga nos aventuramos em uma das trilhas do Appalachian Trail (A.T) – Trilha dos Apalaches, em português. A experiência foi maravilhosa, porém desafiadora e quase drástica. O Appalachian Trail possui quase 3,500Km de extensão e passa por 14 estados dos E.U.A., entre eles, Nova York.

Eu estava procurando por atividades ao ar livre quando acessei o website www.appalachiantrail.org e escolhi uma trilha em NY. Fiquei tão entusiasmada com a possibilidade de tomar banho de cachoeira e de curtir uma linda vista de Manhattan no topo da montanha - tal como é a descrição no site - que não me preocupei com mais nada, apenas, em anotar o endereço para colocar no G.P.S. A preocupação só bateu (e forte, diga-se de passagem) quando li sobre o que fazer caso encontrasse um urso durante o percurso. Como assim? Um urssooo?! Não minto que fiquei um pouquinho apavorada, mas não desisti.

Primeira mancada: não compramos o mapa do A.T. O itinerário que pesquisamos na internet indicava, aproximadamente, 1h30m de viagem das nossas casas até a trilha. Descobrimos o local após quatro horas quando avistamos alguns andarilhos, na beira da estrada, que conheciam o caminho.

Segunda mancada: pesquisamos quase nada sobre o assunto e chegamos lá sem saber o básico. Para andar no A.T. é necessário seguir as árvores que possuem retângulos pintados de branco. Esse é o código e a única forma de não se perder. Ao contrário do que eu imaginava, as trilhas não têm plaquinhas com informações, setinhas ou guias disponíveis. A mata é fechada. “O negócio é profissa’’! A nossa sorte foi encontrar uma pessoa que nos deu essa dica antes de começarmos caminhada.

Escolhemos o trecho Fitzgerald Falls and Mombasha High Point, perto da cidade Greenwood Lake. O percurso, ida e volta, tem 8km aproximadamente. Chegamos às 14h e regressamos às 19h30. E não pense que é falta de condicionamento físico! Apenas, paramos muito para apreciar os encantos da natureza e sentir a energia renovadora da floresta (é verdade que nos perdemos um pouquinho também quando nos distraíamos e perdíamos de vista as árvores com os símbolos brancos). Bom, vale a pena citar que a tão esperada cachoeira mais parecia uma bica. Porém, muito bela e com o poder de lavar até a alma. Ah, a vista de Manhattan, também descrita no website, não existe, pelo menos, não nesse trecho.

Durante a nossa caminhada, tivemos o privilégio de encontrar com alguns andarilhos. Desde pessoas que estavam apenas realizando um rápido passeio a grupos que caminhavam há mais de quatro meses, dormindo e alimentando-se na mata. Eles relataram que vão à cidade somente para abastecer as mochilas com comida e com outros acessórios importantes e, também, para carregar os celulares.  Além disso, falaram que é comum mesmo encontrar ursos no caminho (o segredo é gritar bem alto para que eles fujam assustados). Eu que fiquei com tanto medo de urso, acabei vendo um. Mas não tão de perto. Eu estava dentro do carro e fora de perigo quando vi aquele animal grande e preto, cruzando a estrada e correndo em direção à floresta. Os ursos podem ser até apavorantes, mas são tão lindos!

            A trilha é maravilhosa e há muito tempo eu não tinha um contato tão intenso com a natureza (prática tão comum quando eu morava no Brasil). Senti-me  em um outro mundo (e realmente estava), livre das preocupações, da agitação e da atmosfera densa da selva urbana. Apesar dos pequenos contratempos, tivemos um dia de alegria e paz. O momento foi de muita gratidão.

                                                                                                    Dicas:

1-Acesse o site www.appalachiantrail.org não apenas para escolher um destino. Leia todas as informações para se aventurar de forma segura.

2-    Compre mapas e, se possível, livros sobre o Appalachian Trail. Não tenha dúvidas de como chegar ao local para evitar perda de tempo.

3-    Se você é marinheiro de primeira viagem, não faça trilhas sozinho, pode ser perigoso! Vá com, pelo menos, um amigo. O ideal é ir com um grupo de pessoas.

4-    Para trilhas pequenas não vale a pena levar mochilas muito pesadas, mas não esqueça o necessário como: água, kit de primeiros socorros, lanterna, bastões de caminhada, comidas leves (sanduíches, frutas e barra de cereal por exemplo), bússola, mapas, máquina fotográfica e celular (em alguns pontos há sinal).

5-    Não faça a trilha sem avisar ninguém. É seguro que  familiares ou amigos saibam onde você está.

6-   Não leve armas de fogo. Isso pode causar disparos acidentais e outros incidentes desnecessários. Essa não é a proposta da atividade.

7-    Use tênis ou botas confortáveis e roupas leves, de preferência, dri-fit (se levarmos em consideração que fará essa trilha no verão, caso contrário, roupas quentes).

8-     Leve consigo um saco de lixo. Vamos respeitar o meio-ambiente.

9-  Caso o seu mapa ou livro indique um trecho que contradiz às marcas das árvores, siga as árvores porque elas são constantemente checadas e atualizadas pelos guias responsáveis.

10- Quando a árvore possui dois retângulos brancos, isso indica caminho escuro ou mudança de rota.

11- Caminhe, apenas, ao avistar a próxima árvore com mancha branca. Caso ande mais de 500 metros sem visualizar o código, regresse até a última árvore pela qual passou e tente enxergar o caminho.

12- Caso veja um urso, grite e faça muito barulho. Eles ficam assustados e fogem.
13- Se busca por atividades diferentes, acesse o site do Appalachian Mountain Club http://www.outdoors.org. Lá, você encontra onde fazer escaladas, camping, triathlon, canoagem e muito mais!

14- Aproveite o momento para agradecer à Mãe Natureza todos os benefícios que ela nos proporciona, reflita e reenergize-se!

Confira as fotos abaixo: